IN MEMORIAM
Pe.
FLORÊNCIO DE BOK, SSCC
(10/03/1914 – 24/09/1980)
Na quarta-feira, 24 de setembro de 1980,
o Pe. Florêncio celebrou a Santa Missa das oito e meia, na matriz de S. Margarida
Maria, na Lagoa (Rio), como de costume. Aí sentiu-se mal. Foi atendido, mas
pouco depois falecia, vítima de um derrame. Tinha 66 anos completos, com 42 de
padre e 41 de trabalhos pastorais no Brasil.
O Pe. Florêncio, cujo nome civil era
Petrus Wijnandus de Bok, nasceu em Made na Holanda, em 31 de março de 1914,
quando se aproximava o flagelo da Primeira Grande Guerra. Depois dos estudos
preparatórios e do noviciado, fez a profissão religiosa na Congregação dos
Sagrados Corações, em Ginneken. Completou os estudos superiores em casas da
Congregação e foi ordenado padre em 31 de julho de 1938, na Holanda. E já em
1939, quando se adensavam as nuvens da 2ª Grande Guerra sobre a Europa, o Pe.
Florêncio foi mandado para o Brasil. Aqui, foi professor nos colégios e
seminários da sua Congregação, durante muitos anos. Sempre fiel e
consciencioso.
Quando chegou a Nova Iguaçu, em novembro
de 1966, o Pe. Florêncio já trabalhava no Parque Flora. A Congregação dos
Sagrados Corações veio para a Baixada pela mão da grande benfeitora da diocese
de Nova Iguaçu que, Dona Alice Vidal de Oliveira. Atendia a vasta região que
vai do Parque Flora até Tinguá, incluindo Miguel Couto. O Pe. Florêncio dedicou
por mais de 20 anos os fins de semana e os feriados ao atendimento do Parque
Flora, de Miguel Couto, Adrianópolis, Santa Rita, Vila de Cava, Iguaçu Velho e
Tinguá.
Aos poucos, foi-se delineando uma nova
estrutura paroquial. Cedo foi criada a paróquia do Parque Flora, desmembrada da
Catedral. Depois, desmembradas do Parque Flora, nasceram as paróquias de Miguel
Couto, Tinguá, Santa Rita e Vila de Cava. Vieram novos padres. Vieram religiosas.
Os padres da Congregação do Espírito Santo assumiram a paróquia de Miguel
Couto. As irmãs da Santa Cruz de Ingenbohl ficaram encarregadas das paróquias
de Tinguá e de Santa Rita. Coube às irmãs Josefinas de Cúneo a paróquia da Vila
de Cava.
O Pe. Florêncio via, assim, modificada a
área de seu antigo e fecundo trabalho. E mais do que a área geográfica,
mudava-se também o estilo pastoral. Apesar das mudanças que não lhe custavam
pouco, o Pe. Florêncio ficou firme e fiel na ajuda que dava às paróquias novas
de Tinguá, Vila de Cava e Santa Rita. Tinha às vezes pequenas dificuldades para
aceitar as irmãs como «vigárias», suspirava, reclamava um pouco, mas o amor era
mais forte: continuava fiel, sem desanimar, sem encurtar seu zelo pastoral de
estilo conservador. As boas irmãs, reconhecendo o apostolado fiel do Pe.
Florêncio, procuravam também contornar as pequenas dificuldades e adaptar-se.
Aos sábados e domingos, nas horas marcadas, com chuva ou sol, lá estava o Pe.
Florêncio firme e fiel no seu posto de serviço e sacrifício.
A maior parte dos nossos padres não
conhecia o Pe. Florêncio. Raramente era visto nas reuniões pastorais. Durante
um tempo começou a participar. Fazia mais um sacrifício de vir do Rio de
Janeiro assistir a algumas reuniões. Mas não agüentou muito tempo. «Eh, senhor
bispo, dizia ele com um pessimismo bem-humorado, estas reuniões acabam comigo,
de sorte que não sobra mais nada para o povo». Mas sempre conservou a ligação
profunda com o bispo, com o presbitério de Nova Iguaçu, com os confrades que
trabalhavam no Parque Flora. No Rio de Janeiro, era o esmoler dedicado e
pontual, a serviço das vocações da sua Congregação e das comunidades do Parque
Flora. Tinha um programa bem organizado de visitas às famílias, aos bancos, aos
negociantes. Para ajudar e servir. Foi chamado, certa vez de «trator de Deus»,
porque o Pe. Florêncio ia abrindo caminhos e sulcos para o lançamento da
Palavra de Deus. E sempre foi ressaltada nele a fidelidade, sempre presente,
assumindo o seu dever, aquele com quem o povo podia contar.
A Diocese de Nova Iguaçu é grata ao P.
Florêncio pelo muito que fez pelo povo durante mais de 20 anos. É grata aos
Padres dos Sagrados Corações pelo muito que têm feito em nossa região. É grata
ao casal Francisco Rodrigues de Oliveira e Alice Vidal de Oliveira, que tanto
fez pela Diocese de Nova Iguaçu e pelo Parque Flora.
O Comendador Francisco já é falecido.
"Dona Alice pôde ver e vê ainda o progresso da Baixada, Fluminense, o
crescimento da diocese e o dinamismo pastoral que o Espírito Santo vem
despertando para o bem do povo humilde da Baixada. Há a certeza, a certeza da
Fé, de que o Pe. Florêncio continuará, do céu, trabalhando pelo povo da
Baixada. Também pelo .povo da Zona Sul, por tantas pessoas que o ajudavam no
apostolado de esmoler de Deus em favor dos seminários de sua Congregação e em
favor dos pobres de nossa diocese. Deus o recompense.
(Texto de A.H, datado de 18/10/1981 – com pequenas
adaptações posteriores)